Série “Ciência com a Mão na Massa”: ginástica contra a hipertensão em idosos e o Estudo HAEL

Estudo tem delineamento de ensaio clínico randomizado e multicêntrico, entre as cidades de Porto Alegre (UFRGS/HCPA) e Pelotas (UFPel)

A Série “Ciência com a Mão na Massa”, com a qual o IATS compartilha informações sobre seus projetos, apresenta o Hypertension Approaches for the Elderly: a Lifestyle Study, o estudo HAEL, concebido em colaboração entre grupos de pesquisa da UFRGS e a UFPEL. O projeto tem como objetivo estudar a eficácia de um programa de treinamento combinado, comparado a um programa de educação em saúde, sobre os níveis ambulatoriais de pressão arterial e marcadores de saúde em indivíduos idosos com hipertensão arterial.

O HAEL está analisando dados que vem sendo coletados em um grupo de 160 participantes, formado por homens e mulheres com idades superiores a 60 anos e vivendo com pressão alta e suas consequências para o organismo. A hipertensão é um dos mais relevantes fatores de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares e crônicas como o diabetes, que representam desafios globais de saúde.

O estudo também conta com as parcerias internacionais da University of Connecticut e da University of Texas at Austin. Conforme o pesquisador Daniel Umpierre, coordenador do estudo, trata-se de um ensaio clínico randomizado metodologicamente robusto, pautado na integridade e transparência em pesquisa, bem como na aplicabilidade e escalabilidade.

“Com a aplicação de intervenções facilmente replicáveis e extensas avaliações de diversos parâmetros de saúde dos pacientes pesquisado, pretendemos produzir uma vasta quantidade de informações sobre a eficácia e efetividade das estratégias propostas. Além disso, o projeto tem como base as práticas de ciência aberta, o que ampliará as possibilidades de análise dos dados produzidos”, definiu o pesquisador.

Como funciona?

Os participantes são randomizados de maneira cegada entre dois grupos. Um grupo realiza um programa de exercício físico três vezes por semana, composto por exercício aeróbico de caminhada/corrida e exercícios de força com peso do corpo e elásticos. O outro grupo é de educação em saúde, o qual recebe palestras interativas uma vez por semana, ministradas por equipe multiprofissional, sobre modificação de estilo de vida e conhecimentos gerais de hipertensão arterial.

A duração total das intervenções é de 12 semanas, sendo que antes e após a finalização do período são realizadas avaliações dos seguintes desfechos de saúde: pressão arterial de consultório, monitorização ambulatorial da pressão arterial, função vascular, perfil lipídico, perfil glicêmico, capacidade funcional, capacidade cardiorrespiratória e qualidade de vida. Dentre esses, o desfecho de interesse principal é a pressão arterial avaliada por monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA), que se caracteriza pela medição periódica da pressão arterial em ambientes de atividades diárias, durante o período de 24 horas.

Desafio científico

A prática de exercícios físicos é considerada uma ferramenta terapêutica com adequado nível de evidência para emprego no tratamento da hipertensão arterial. No entanto, há uma lacuna no conhecimento no que diz respeito à população idosa, geralmente exposta a maior risco cardiovascular. O projeto HAEL (Hypertension Approaches for the Elderly: a Lifestyle Study) objetiva a avaliação dos efeitos de um programa de treinamento físico de 12 semanas na pressão arterial ambulatorial e outros diversos parâmetros de saúde de idosos com hipertensão.

“Por isso, foi desenhado este ensaio clínico randomizado e multicêntrico, com características pragmáticas, comparando um programa de exercícios físicos combinados (aeróbico e força) com um programa de educação para a saúde”, explica Umpierre.

“Acredita-se que ao finalizar o estudo as informações científicas produzidas serão relevantes no contexto da saúde pública, com componentes sólidos que possibilitam avaliação dos programas propostos para idosos com hipertensão arterial em serviços de saúde. Ainda, no contexto da literatura científica internacional, o projeto será uma evidência de referência na área de estudo do exercício físico e hipertensão arterial”, acrescenta a pesquisadora Cíntia Botton, integrante da equipe do HAEL.

Em maio de 2019, o protocolo completo do estudo foi publicado no periódico BMC Public Health.

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