Telemedicina ganha impulso com guia metodológico

O Ministério da Saúde disponibilizou uma nova ferramenta para suporte de gestores que desejam implementar ações em telemedicina em seu município ou Estado. O Guia Metodológico para Programas e Serviços em Telessaúde foi construído sob métodos científicos, contendo as melhores evidências disponíveis desde os primeiros anos de aplicação desta prática no Brasil e em outros países. A publicação tem como principal objetivo apoiar gestores, profissionais de saúde, usuários e outros atores sociais para compreensão e boa utilização da telemedicina como meio de promoção de acesso e qualidade na atenção em saúde.

“Este guia estabelece métodos para que todos possam discutir, em seu ambiente de gestão, a implementação e o acompanhamento de serviços de telessaúde e telemedicina. Procuramos tratar esta produção, encomendada pelo Ministério da Saúde, sistematizando o conhecimento como em um trabalho científico, para que constasse nela os pontos-chave daquilo que é importante pensar quando se discute o tema”, aponta o pesquisador do IATS, Natan Katz, coautor do guia.

Conforme o pesquisador, a organização do documento partiu de uma revisão sistemática, pela qual se estruturou as informações com base em experiências e descrição de ações de telemedicina praticadas no Brasil e no exterior. O resultado, define Natan, é um manual o qual abrange, desde a assistência para implantação de novas ofertas em telessaúde, até a avaliação de serviços já consolidados. Esta ferramenta, segundo ele, poderá ser utilizada em sua forma integral ou por seções específicas, de acordo com a necessidade e o plano de cada gestor.

DESAFIOS

Além de representar um instrumento de orientação sobre telemedicina, o guia também apresenta conceitos básicos sobre o tema e aborda aspectos normativos vigentes no país. Para o pesquisador Natan Katz, a implementação de ações e programas de telessaúde permanece um desafio para os gestores brasileiros. “Há muitas pessoas pensando sobre soluções em telessaúde. Temos alguns avanços. Porém, a maior parte das iniciativas não prospera, sobretudo pela falta de uma base de informações”, analisa.

Natan destaca que o guia procura oferecer respostas aos itens fundamentais para estruturação de serviços. “As respostas estão organizadas nos sete eixos definidos como capítulos do documento. Acreditamos que, a partir desta leitura, alguns dos entraves que se colocam como obstáculos diante das iniciativas poderão ser superados”, define.

OS SETE EIXOS

Depois de apresentar os conceitos básicos, os aspectos normativos e a metodologia utilizada na produção do guia, sete capítulos detalham os passos sobre como constituir um serviço ou programa de telemedicina: 1. Identificação das necessidades em saúde; 2. Escolha da solução e definição da tecnologia; 3. Aspectos legais e éticos; 4. Aceitabilidade; 5. Auditoria e monitoramento; 6. Indicadores; 7. Aspectos políticos.

Tais itens contemplam as principais questões envolvidas na estruturação das iniciativas e antecedem o capítulo 8, denominado Instrumento de Orientação em Telessaúde. Trata-se de um checklist pelo qual as informações podem ser aplicadas ao projeto a ser estruturado. Nele estão elencadas perguntas relacionadas ao problema de saúde a ser enfrentado, como “As necessidades em saúde atendidas pelo sistema/serviço de saúde foram definidas?” e “A população-alvo (profissionais de saúde e/ou pacientes) foi definida?”, entre outras.

A lista de checagem percorre temas como escolha da tecnologia, aspectos legais e éticos, aceitabilidade, monitoramento e auditoria, indicadores para avaliação e aspectos políticos, no mesmo sequencial lógico dos capítulos, porém acrescidos de diversas perguntas objetivas cujas respostas conduzirão o leitor ao raciocínio necessário para a interpretação das etapas fundamentais para o estabelecimento da ação em telemedicina.

Texto e edição: Luiz Sérgio Dibe

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