Avaliação do impacto da implementação de serviço de atendimento médico de urgência na mortalidade por infarto agudo do miocárdio

O infarto agudo do miocárdio (IAM) continua sendo uma das principais causas de morbimortalidade no mundo. O manejo efetivo dos pacientes com IAM está diretamente ligado ao tempo, e aproximadamente metade das mortes atribuídas ao IAM ocorre antes dos pacientes chegarem ao hospital, o que reforça a importância do atendimento pré-hospitalar. Dados acerca do uso do atendimento pré-hospitalar em pacientes com IAM e seu impacto na mortalidade hospitalar ainda são escassos. 

O objetivo do estudo apresentado como pôster digital no 74º Congresso Brasileiro de Cardiologia, em 21/09/2019, foi avaliar o impacto da implantação do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) na mortalidade por IAM e no número de internações hospitalares, no estado de Minas Gerais, Brasil. Foi realizado um estudo ecológico retrospectivo, com dados do Sistema Único de Saúde (SUS) dos 853 municípios de Minas Gerais, no período de 2008 a 2016.

Foi analisada a relação entre a presença de atendimento do SAMU em cada município de MG e a mortalidade por IAM na população geral, mortalidade intra-hospitalar e número de internações. Foi utilizado o modelo hierárquico de Poison para análise da associação do SAMU com os desfechos estudados e o método Empirical Bayes para suavização da oscilação das taxas. As taxas analisadas foram corrigidas pela estrutura etária e retidas por influências sazonais.

Observou-se nesse estudo que as taxas de mortalidade do IAM mostraram uma tendência decrescente ao longo do estudo, em média 2% ao ano, e variação sazonal, sendo maior nos meses de inverno. A mortalidade intra-hospitalar pelo IAM corrigida por idade também mostrou uma tendência decrescente, de 13,8% em 2008 para 11,4% em 2016.

A implementação do SAMU foi associada à redução de 3,3% na mortalidade por IAM (odds ratio [OR] = 0,967, intervalo de confiança de 95% [IC] 0,936 -0,998) e 8,6% na mortalidade intra-hospitalar por IAM (OR = 0,914, IC 95% 0,845-0,986), sem relação com o número de internações (OR 1,003; IC95% 0,927-1,083). Não houve variação sazonal no número de internações por IAM. 

Esses achados reforçam o papel principal do atendimento pré-hospitalar na atenção ao IAM e a necessidade de investimento na melhoria do atendimento em todo o país. Co-autores do estudo: Rodrigo Costa Pereira Vieira, Luis Gustavo Silva e Silva, Alzira de Oliveira Jorge, Antonio Luiz Ribeiro.

Elaborada por
Milena Soriano Marcolino
Data da Resenha
29/10/2019
Eixo Temático
Doenças Cardiovasculares e Fatores de Risco
Eixo Temático
Pesquisas Epidemiológicas

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