Custo do tratamento agudo do Acidente Vascular Cerebral

Resenha do artigo:

Christensen MC, Valiente R, Sampaio Silva G, Lee WC, Dutcher S, Guimarães Rocha MS, Massaro A. Acute treatment costs of stroke in Brazil. Neuroepidemiology. 2009;32(2):142-9. doi: 10.1159/000184747. Epub 2008 Dec 17. PMID: 19088487.

Os estudos de custo da doença com dados nacionais são fundamentais em qualquer análise econômica para incorporação de novas tecnologias. Na perspectiva do SUS, a utilização dos valores pagos às unidades de saúde pelas internações por diagnósticos específicos, subestima de maneira significativa o real custo dessas internações para o sistema. A coleta de dados primários, embora laboriosa, é capaz de evidenciar com maior acurácia os custos reais dessas internações, assim como do tratamento ambulatorial.

O importante e pioneiro estudo de Christensen e colaboradores sobre os custos do tratamento agudo hospitalar do acidente vascular cerebral evidenciou o elevado custo para o SUS das internações causadas por doença extremamente comum e principal causa de morte da população brasileira. A perspectiva foi apenas do pagador (SUS), não sendo analisados os custos para o indivíduo e a sociedade (perda de produtividade e morte prematura). As características dos pacientes foram analisadas, porém nenhuma análise dos custos por subgrupos (idade, sexo, fatores de risco) foi demonstrada. Apenas os custos diretos durante o período das internações foram analisados (diárias, testes diagnósticos, procedimentos e cirurgias), embora os honorários de todos os profissionais de saúde envolvidos no tratamento e os custos dos medicamentos utilizados não tenham sido descritos.

Para valoração dos custos foi utilizada a tabela de reembolso do SUS baseada em pacotes cirúrgicos e não-cirúrgicos. A partir do conhecimento prévio dos valores muito baixos reembolsados, foram aplicados fatores de ajuste para os procedimentos de média e alta complexidade, o que serviu de base para as análises de sensibilidade. Os próprios autores referem a imprecisão dos resultados pela não inclusão de outros custos “ocultos”. Foi feita uma extrapolação nacional desses custos, baseada em único estudo regional de incidência. Com o pequeno número amostral (316 pacientes; 271 AVC isquêmico e 45 AVC henorrágico) e apenas dois hospitais avaliados (centros terciários de referência), essa validade externa não deve refletir adequadamente a realidade nacional, havendo necessidade de outros desenhos de estudo mais abrangentes.

Elaborado por:
Luciana Bahia
Data da Resenha:
18/11/2009
Eixo Temático:
Serviços de Saúde e Políticas Públicas
Eixo metodológico:
Análises Econômicas

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