Inovação em modelos de gestão de riscos para organizações de saúde: a proposição o Hermip

Resenha do artigos:

Ana Paula Beck da Silva Etges, Joana Siqueira de Souza, Francisco José Kliemann Neto & Elaine Aparecida Felix (2019) A proposed enterprise risk management model for health organizations, Journal of Risk Research, 22:4, 513-531, DOI: 10.1080/13669877.2017.1422780. Link.

Etges APBDS, Grenon V, Lu M, Cardoso RB, de Souza JS, Kliemann Neto FJ, Felix EA. Development of an enterprise risk inventory for healthcare. BMC Health Serv Res. 2018 Jul 24;18(1):578. doi: 10.1186/s12913-018-3400-7. PMID: 30041651; PMCID: PMC6057062. Link.

da Silva Etges APB, Grenon V, de Souza JS, Kliemann Neto FJ, Felix EA. ERM for Health Care Organizations: An Economic Enterprise Risk Management Innovation Program (E2RMhealth care). Value Health Reg Issues. 2018 Dec;17:102-108. doi: 10.1016/j.vhri.2018.03.008. Epub 2018 May 15. PMID: 29772471. Link.

Etges APBDS, Grenon V, Felix EA, de Souza JS, Kliemann Neto FJ, Polanczyk CA. Proposition of a Shared and Value-Oriented Work Structure for Hospital-Based Health Technology Assessment and Enterprise Risk Management Processes. Int J Technol Assess Health Care. 2019 Jan;35(3):195-203. doi: 10.1017/S0266462319000242. Epub 2019 Apr 26. PMID: 31023393. Link.

A prospecção de valor de uma organização de saúde é determinada pela qualidade e segurança dos serviços médicos prestados ao paciente somados à experiência do paciente. Alcançar um alto valor de prestação de cuidados de saúde para os pacientes deve ser o grande propósito das organizações de saúde, sendo valor definido como a entrega e percepção de cuidado alcançados por dólar gasto. Os processos que contribuem para o gerenciamento de uma organização de forma sistêmica e encorajam práticas eficientes, resultam em redução de custos e consequente melhora na prospecção de valor.

Desde a publicação do livro intitulado “Err is Human :: building a safer Heatlh System” a disseminação da cultura da segurança e da qualidade incentivou a adoção de práticas de gestão de riscos em hospitais. Entre as motivações que levaram a esta publicação seminal, destaca-se a existência de elevados riscos em ambientes de saúde devido ao grande volume de funcionários, elevado grau de interdependência entre as áreas, complexidade tecnológica e representativo volume de normas e leis às quais são submetidos. Com o intuito de regulamentar hospitais no que tange a segurança e gestão, instituições tais como a Joint Comission International (JCI), a American Society for Healthcare Risk Management (ASHRM), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) passaram a dedicar esforços em prol da melhoria da segurança do paciente e da gestão de organizações de saúde.

A complexidade inerente ao ambiente de múltiplos clientes e a diversidade de serviços aumenta a necessidade do uso de práticas que permitam um gerenciamento amplo e eficaz de organizações de saúde e entre elas, destaca-se o uso da Enterprise Risk Management (ERM). A ERM a partir das publicações da ISO 31000 em 2009 e do guia do COSO 2 em 2008 vem sendo aplicada e adaptada às especificidades de múltiplos mercados. O contexto hospitalar caracterizado pela necessidade de avanços em sistemas e métodos gerenciais que permitam maior acurácia de informações e sustento na orientação à tomada de decisão, passou a, também, interessar-se pelo valor da ERM.

O gerenciamento de riscos corporativos é um processo conduzido em uma organização pelo conselho de administração, diretoria e demais empregados, aplicado no estabelecimento de estratégias, formuladas para identificar em toda a organização eventos em potencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a mantê-los compatível com o apetite a risco da organização e possibilitar garantia razoável do cumprimento dos seus objetivos. A experiência do paciente reflete ocorrências e eventos que ocorrem de forma independente e coletiva através do processo de cuidados. É mais do que a satisfação do paciente. Envolve os pacientes como parceiros em seus cuidados. Está fortemente vinculado às expectativas dos pacientes e se essas expectativas são atendidas e está integralmente vinculada aos princípios e práticas do cuidado do paciente e da família. O ERM desenvolve uma cultura organizacional na qual o envolvimento e a educação de pessoas contribuem para melhorar a experiência do paciente. A ERM permite uma compreensão robusta e quantitativa dos riscos e comunica o impacto desses riscos em todos os níveis da organização. Isso, por sua vez, promove o controle interno e, mais importante, identifica oportunidades de criação de valor que garantem a experiência do paciente. Consequentemente, no contexto das organizações de saúde, a ERM tem o propósito de impactar positivamente a capabilidade de contribuir com experiência do paciente e prospectar valor.

Esta tese em andamento já envolveu 15 organizações de saúde do Brasil e dos Estados Unidos e, em conjunto com a The Risk Authority Stanford, aplicou métodos de análise qualitativa de dados e desenvolveu estudos de caso que permitiram propor o Health Enterprise Risk Management Innovation Program (hERMip). O hERMip detalha o processo gradativo de implementação de ERM em organizações de saúde através em 4 etapas: Risk Baseline, Risk Education, Quantitative Analysis and Volatility e Corporate Governnace. As ferramentas para a exequibilidade do modelo também são detalhadas, além da sugestão de quais profissionais devem ser envolvidos e o respectivo tempo de implementação. Por fim, o estudo responde através de um mapa de causas e efeitos como a ERM prospecta valor a organizações de saúde e por isso, deve ser foco de investimentos das organizações de saúde.

Elaborada por
Ana Paula Beck da Silva Etges
Data da Resenha
02/06/2017
Eixo Temático
Serviços de Saúde e Políticas Públicas
Eixo Temático
Plataforma Metodológica de Apoio à Avaliação e Monitoramento de Tecnologias em Saúde

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