Análise da expressão diferencial precoce do miR-1 em pacientes com câncer de mama inicial submetidas à quimioterapia com trastuzumabe como preditor de cardiotoxicidade

Apresentação

Dentre os efeitos adversos dos quimioterápicos no sistema cardiovascular destaca-se, pela sua maior frequência e gravidade, a agressão miocárdica com consequente disfunção ventricular sistólica e insuficiência cardíaca (IC). O aparecimento dessa complicação pode determinar interrupção do tratamento e comprometer a cura ou o adequado controle do câncer. É válido ressaltar que a IC tem pior prognóstico que muitas neoplasias, podendo comprometer seriamente a evolução clínica do paciente.

O tratamento com trastuzumabe (TTZ) melhorou drasticamente os desfechos clínicos de pacientes com câncer de mama que superexpressam o receptor do fator de crescimento epidérmico humano 2 (HER-2). Representando até 20% do total de casos, esse subtipo era tradicionalmente considerado de mau prognóstico. A adição do TTZ ao tratamento adjuvante sequencial com antraciclina e taxano reduziu o risco de recorrência quase à metade e o de morte em um terço.

Apesar do sucesso terapêutico do TTZ, a cardiotoxicidade foi identificada como um problema clínico potencialmente importante.Embora o risco de IC sintomática devido ao TTZ seja geralmente baixo, formas mais leves de disfunção cardíaca são mais comuns e, mesmo sem evidências claras de que sejam prejudiciais ou coloquem o paciente em risco, podem resultar na interrupção prematura do tratamento.

Um biomarcador ideal cumpre uma série de critérios, tais como acessibilidade através de métodos não-invasivos, alto grau de especificidade e sensibilidade, capacidade de diferenciar inúmeras doenças/situações clínicas, permitindo diagnóstico precoce, sensibilidade a alterações relevantes na doença, meia-vida longa dentro da amostra e a capacidade para detecção rápida e acurada. Visto que os miRNAs circulantes são capazes de cumprir boa parte desses critérios, desde 2009, vários grupos pesquisam sobre a utilização dos miRNAs como biomarcadores para diagnóstico ou prognóstico de doenças cardiovasculares tais como infarto do miocárdio, IC, aterosclerose, hipertensão arterial e diabetes. Embora muitos desses estudos ainda necessitem de replicação em outras populações de estudos independentes, a mensagem comum é de que alguns miRNAs são bastante específicos para doenças cardiovasculares, não somente sendo úteis para fins de diagnóstico e monitoramento, mas também podendo ser utilizados como desfechos intermediários em ensaios clínicos.

A análise da expressão diferencial precoce dos microRNAs em pacientes com câncer de mama submetidas à quimioterapia com trastuzumabe (TTZ) poderia identificá-los como novos biomarcadores precoces de cardiotoxicidade. Além disso, o presente trabalho poderá auxiliar a identificar quais pacientes necessitarão de monitoramento da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) e/ou do strain longitudinal global (SLG) durante o tratamento, além de quais terão maior benefício com o uso de drogas cardioprotetoras. Ainda, estaremos contribuindo para o auxílio em identificar potencial novo alvo terapêutico na prevenção da cardiotoxicidade. Visto isso, o objetivo primário dessa pesquisa é o de analisar a expressão dos microRNAs 1, 130a, let-7f, 20a, 126 e 210 de pacientes com câncer de mama submetidos à quimioterapia adjuvante/neoadjuvante com TTZ que desenvolvem ou não cardiotoxicidade durante o tratamento.

Atualmente, definir quais são os pacientes de alto risco para a perda da função cardíaca durante o tratamento do câncer de mama é algo difícil de ser feito, visto que os escores de risco, assim como os biomarcadores existentes, têm desempenho ruim. Visto isso, avaliamos neste estudo microRNAs, potenciais biomarcadores já avaliados em outros contextos clínicos. Observamos que pacientes com expressão elevada desses marcadores antes do início do tratamento desenvolveram mais disfunção no acompanhamento de modo significativo. Dos analisados, os microRNAs 126-3p e o 130-3p tiveram aparentemente o melhor desempenho, com todos os pacientes com expressão baixa não apresentando essa complicação no acompanhamento.

O pesquisador Fernando Pivatto Júnior defendeu a tese de Doutorado em junho de 2024, disponível em:

O artigo está em fase de publicação.

Status: Concluído
Início: Agosto/2019

Conclusão Prevista: Dezembro/2023
Eixo temático: Doenças Cardiovasculares e Fatores de Risco

Eixo metodológico: Plataforma Metodológica de Apoio à Avaliação e Monitoramento de Tecnologias em Saúde
Instituição coordenadora:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Cardiologia e Ciências Cardiovasculares

Instituições participantes:
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)
Fonte de fomento:
Fundo de Incentivo à Pesquisa e Eventos (FIPE)/HCPA
Coordenação:
Profª Dra. Andreia Biolo


Integrantes: 
Aluno de Doutorado Fernando Pivatto Júnior
Aluno de Mestrado Géris Mazzutti
Aluno de Iniciação Científica Guilherme Oliveira Magalhães Costa
Dr. Ânderson Donelli da Silveira
Dra. Ângela Barreto Santiago Santos
Dr. Marco Aurélio Lumertz Saffi
Dr. Pedro Emanuel Rubini Liedke

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Concluídos