Resenha do artigo:
Seixas AFAM, Marcolino MS, Guimarães FS, Rocha GM, Menezes AC, Silva HKC, Cardoso CS. Exploring the landscape of long COVID: prevalence and associated factors in patients assisted by a telehealth service. BMC Infect Dis. 2025 Apr 11;25(1):509. doi: 10.1186/s12879-025-10663-6. PMID: 40217157; PMCID: PMC11992846.
A covid-19 trouxe grandes desafios ao sistema de saúde global (Chen, 2022). Considerando a rápida disseminação da covid-19 para diversos países ao redor do mundo, houve a necessidade de buscar alternativas que pudessem tratar pacientes sintomáticos em tempo hábil devido à sobrecarga do sistema de saúde global (Emanuel et al, 2020). Nesse contexto, as estratégias de telessaúde surgiram como uma ferramenta valiosa para fornecer atendimento remoto, reduzir a sobrecarga sobre as unidades de saúde e garantir acesso oportuno à assistência médica para pacientes sintomáticos (Gates, 2020).
Frente a um contexto de crescimento progressivo do número de casos de covid-19, com iminência de colapso do sistema público de saúde, em maio de 2020, a equipe da Rede de Telessaúde de Minas Gerais (RTMG), em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) idealizou o projeto TeleCOVID-MG, para assistência remota aos pacientes com quadro sintomático de covid-19 (Oliveira et al., 2023 Marcolino et al., 2022).
A covid-19 não pode mais ser considerada uma emergência de saúde pública; no entanto, as complicações pós-covid-19, também conhecidas como COVID longa, continuam gerando muitas incertezas (Suran, 2023). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a COVID longa é uma condição que ocorre em pacientes com histórico de infecção provável ou confirmada por SARS-CoV-2, três meses após a fase aguda da doença; esses sintomas persistem por pelo menos dois meses e não podem ser explicados por outro diagnóstico (Soriano et al., 2022). Essa condição pode se desenvolver em pacientes que apresentam uma forma leve, moderada ou grave da doença e pode se manifestar em indivíduos assintomáticos (Montani et al., 2022; Rogers-Brown et al., 2021).
O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência de COVID longa e fatores associados em pacientes atendidos em um serviço público de telessaúde durante a fase aguda da covid-19. Trata-se de um estudo transversal envolvendo usuários de um serviço de telessaúde para COVID-19 oferecido durante a fase crítica da pandemia, denominado TeleCOVID-MG. Foram elegíveis indivíduos maiores de 18 anos que testaram positivo para SARS-CoV-2 e foram monitorados durante o isolamento social.
Dos 699 pacientes incluídos no estudo, 60,8% eram mulheres com idade entre 30 e 49 anos (44,6%) e possuíam ensino médio completo (46,5%). As principais comorbidades foram hipertensão arterial (20,9%), diabetes mellitus (8,3%) e cardiopatia (3,9%). A incidência de COVID longa foi de 26,8%. Sintomas cognitivos (49,7%), diarreia crônica (49,2%) e tosse (40,6%) foram os sintomas mais persistentes. Sexo feminino (OR: 2.51; 95% CI 1.36; 4.63), ensino médio (OR: 2.13; 95% CI 1.07; 4.22) , ensino fundamental (OR: 2.81; 95% CI 1.12; 7.04) , renda mensal entre 3 e 5 salários-mínimos(OR; 5.85; 95% CI 1.20; 28.49); , assistência médica suplementar (OR: 1.98; 95% CI 1.05; 3.73), anosmia durante covid-19 aguda (OR: 4.52; 95% CI 2.05; 9.98), e necessidade de atendimento presencial (OR: 2.44; 95% CI 1.02; 5.86), foram fatores associados a maior incidência de COVID longa.
De maneira geral, a COVID longa afetou quase um terço da população estudada. Embora a pandemia de covid-19 esteja sob controle, o vírus continua a infectar indivíduos, reforçando a importância de estudar as complicações a longo prazo da doença.
Elaborada por |
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Ana Flávia Avelar Maia Seixas Milena Soriano Marcolino Felipe Souza Guimarães Gustavo Machado Rocha Aline Carrilho Menezes Hygor Kleber Cabral Silva Clareci Silva Cardoso |
Data da Resenha |
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13/04/2025 |
Eixo Temático |
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Doenças Infecciosas e Tropicais |
Eixo Metodológico |
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Pesquisas Epidemiológicas |