Distanciamento social, uso de máscara e transmissão de SARS-CoV-2: um estudo de caso-controle de base populacional

Resenha do artigo:
Gonçalves MR, Dos Reis RCP, Tólio RP, Pellanda LC, Schmidt MI, Katz N, Mengue SS, Hallal PC, Horta BL, Silveira MF, Umpierre RN, Bastos-Molina CG, Souza da Silva R, Duncan BB. Social Distancing, Mask Use, and Transmission of Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2, Brazil, April-June 2020. Emerg Infect Dis. 2021 Jun 4;27(8). doi: 10.3201/eid2708.204757. Epub ahead of print. PMID: 34087090.

Estudos ecológicos apoiam medidas não farmacológicas para proteção contra SARSCoV-2, mas poucos estudos avaliaram seus efeitos no nível individual na comunidade. Nosso objetivo foi avaliar a magnitude das associações de distanciamento social e uso de máscara com infecção confirmada laboratorialmente por SARS-CoV-2 em adultos residentes em Porto Alegre, cidade com 1.483.771 habitantes localizada no sul do Brasil.

Conduzimos um estudo de caso-controle de base populacional entre final de abril e junho de 2020. Os casos foram obtidos de uma lista com todos os casos obrigatoriamente notificados às autoridades municipais; já os controles foram participantes com anticorpos negativos, provenientes de três pesquisas domiciliares representativas realizado no mesmo período (EPICOVID19).

Em análises de regressão logística dos 271 casos e 1396 controles ajustados para a idade, sexo, raça/cor da pele, nível de escolaridade, renda, tamanho da família e momento pandêmico, aqueles que relataram adesão às medidas de distanciamento social como moderada a alta tiveram entre 59% (OR = 0,41; IC 95% 0,24-0,70) e 75% (OR = 0,25; 0,15-0,42) menos chances de se infectar, em comparação com aqueles que relataram muito pouca adesão. Menor exposição fora do domicílio reduziu as chances entre 52% (OR = 0,48; 0,29-0,77) e 75% (OR = 0,25; 0,18-0,36), em comparação com sair todos os dias o dia todo. Em uma subamostra de controles com dados sobre o uso de máscaras e casos de momento pandêmico equivalente (198 e 420 controles), uso de máscarasreduziu as chances de infecção em 87% (OR = 0,13; 0,04- 0,36).

A conclusão do estudo foi de que maior distanciamento social e uso de máscaras fora de casa em todos os momentos forneceram proteção contra SARS-CoV-2. Essas medidas simples podem ser de grande benefício durante as próximas fases da pandemia.

Em suma: Os achados sugerem que quem usa máscara tem risco aproximadamente 7 vezes menor de uma infeção sintomática de COVID-19. Quem se distancia mais, um risco entre 50% a 75% menor.

IATS financiou a adaptação do plataforma OTUS para uso nas entrevistas, possibilitando o estudo. A importância do fomento à pesquisa por órgãos públicos, como o IATS, as universidades, CNPQ e CAPES, é cada vez maior para o desenvolvimento da ciência em nosso país. A busca por resposta rápidas, o que indiscutivelmente ocorre neste período de pandemia, tem sido suportado em grande parte por estas entidades. O presente estudo teve apoio de diversos parceiros, através da EPICOVID19 (UNIMED Porto Alegre, Instituto Cultural Floresta, Instituto Serrapilheira, Ministério da Saúde), além de apoio logístico do IATS/FAPERGS e TelessaúdeRS – UFRGS. Os avanços sanitários e econômicos de uma nação dependem diretamente do investimento dado à ciência.

Elaborada por
Marcelo Rodrigues Gonçalves
Rodrigo Citton Padilha dos Reis
Rodrigo Pedroso Tólio
Lucia Campos Pellanda
Maria Inês Schmidt
Natan Katz
Sotero Serrate Mengue
Pedro C. Hallal
Bernardo L. Horta
Mariangela Freitas Silveira
Roberto Nunes Umpierre
Cynthia Goulart Molina Bastos
Rodolfo Souza da Silva
Bruce B. Duncan
Data da Resenha
04/08/2021
Eixo Temático
Doenças Infecciosas e Tropicais
Serviços de Saúde e Políticas Públicas
Eixo Metodológico
Pesquisas Epidemiológicas

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