Acurácia da ultrassonografia no diagnóstico de doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes com obesidade classes II e III

Resenha do artigo:

Leivas G, Maraschin CK, Blume CA, Telo GH, Trindade MRM, Trindade EN, Diemen VV, Cerski CTS, Schaan BD. Accuracy of ultrasound diagnosis of nonalcoholic fatty liver disease in patients with classes II and III obesity: A pathological image study. Obes Res Clin Pract. 2021 Sep-Oct;15(5):461-465. doi: 10.1016/j.orcp.2021.09.002. Epub 2021 Sep 9. PMID: 34511367.

A biópsia hepática é o método padrão-ouro para diagnosticar a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). No entanto, como a biópsia é um exame invasivo, a ultrassonografia abdominal é amplamente recomendada como o exame de imagem de primeira linha na avaliação diagnóstica em indivíduos com suspeita dessa doença.

No contexto da cirurgia bariátrica, a biópsia hepática é realizada de rotina durante no mesmo tempo cirúrgico para avaliação histológica do parênquima hepático. O presente estudo, portanto, estimou a precisão do ultrassom como um teste de triagem para DHGNA em comparação à biópsia hepática em uma coorte de pacientes com obesidade de classe II e III submetidos à cirurgia bariátrica.

Foi realizado um estudo retrospectivo, incluindo todos os pacientes submetidos ao bypass gástrico em Y-de-Roux entre 2010 e 2019 em hospital terciário da região Sul do Brasil que haviam realizado tanto o ultrassom de abdome na avaliação pré-operatória, quanto a biópsia hepática transoperatória. Todas as amostras foram coletadas de maneira padronizada e analisadas pelo mesmo patologista. Comparando os resultados de ambos exames, estimou-se a sensibilidade, a especificidade e os valores preditivos positivo e negativo da ultrassonografia.

Um total de 227 pacientes foram incluídos no estudo, sendo a maioria mulheres (84%) de cor de pele branca (83.6%), com idade média de 42.5 ± 10.2 anos e índice de massa corporal (IMC) médio de 49.5 ± 8.4 kg/m². A DHGNA foi diagnosticada em 153 participantes por meio de biópsias hepáticas. Destes, 41 (18%) apresentavam esteatose hepática isolada, enquanto 112 (49.3%) apresentavam fígado gorduroso com sinais de inflamação (esteatohepatite não- alcoólica).

A sensibilidade da ultrassonografia no diagnóstico de DHGNA foi de satisfatórios 88.9%, enquanto a especificidade foi de apenas 44.6%. Os valores preditivos positivo e negativo foram de 1,6 (IC 95% 1,30-1,98) e de 0.25 (IC 95% 0,15-0,42), respectivamente. Portanto, aproximadamente três em cada quatro sujeitos com um ultrassom sugestivo de DHGNA foram verdadeiramente positivos. Logo, o uso do ultrassom mostrou boa sensibilidade no rastreio de DHGNA em pacientes com obesidade de classes II e III.

Elaborada por
Gabriel Leivas, Clara K Maraschin, Carina A Blume, Gabriela H Telo, Manoel R M Trindade, Eduardo N Trindade, Vinicius V Diemen, Carlos Thadeu S Cerski, Beatriz D Schaan
Data da Resenha
10/01/2022
Eixo Temático
Hipertensão Arterial/Diabetes Mellitus/Obesidade/Terapias
Eixo Metodológico
Pesquisas Epidemiológicas
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